segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Função da Sutura

De Biologia Sutural e o Normal Crescimento Craniofacial (0).

Durante o nascimento, as áreas onde as suturas se desenvolverão, permitem a sobreposição dos ossos calvários (Figuras 1 e 2), à medida que a cabeça é comprimida na sua passagem pela vagina. A forma da cabeça resultante, volta à normalidade durante a primeira semana de vida, através de novas expansões e alargamentos das áreas suturadas (Figura 3). Numa investigação biomecânica da moldagem da cabeça do feto, McPherson e Kriewall (73), recorrendo a técnicas de engenharia estrutural, mostraram que o osso parietal é capaz de se deformar sob distribuições de sobrecargas típicas de um parto normal. Assim, a moldagem é uma combinação do deslocamento dos ossos cranianos com a sua deformação intrínseca.


Figura 1 – A moldagem dos ossos do crânio de um recém-nascido. Embora comum no parto normal, a moldagem não se constata em bebés nascidos por cesariana ou parto pélvico. Cortesia dos laboratórios Mead Johnson.


Figura 2 – Diagrama do crânio de um recém-nascido no seu primeiro dia de vida, demonstrando a adaptação dos ossos calvários, através da sobreposição das suas margens, causada pela compressão do parto. Cortesia dos laboratórios Mead Johnson.


Figura 3 – Diagrama do crânio mostrando a sua expansão que tem lugar durante a primeira semana de vida. Os ossos parietal, occipital e temporal, retornaram à sua posição normal. Cortesia dos laboratórios Mead Johnson.

À medida que as suturas cranianas se desenvolvem durante a infância, e dão lugar a ajustes e expansões cranianas, através da deposição de osso nas margens das suturas, as suturas base mantêm-se. Ocorrem também mudanças na curvatura dos ossos da zona calva (Figuras 4 e 5).


Figura 4 – Ajustamentos calvários ao cérebro em expansão, através da deposição de osso nas margens suturais. De Friede (27).


Figura 5 – Com a expansão do cérebro, ocorre também a expansão dos ossos calvários. Isto é acompanhado por mudanças locais da curvatura, através da variada ecto e endocraniana deposição (+) e absorção (–) de osso. É igualmente depositado osso na interface sutural. Modificado de Enlow (24).

Como as suturas se interligam, previnem assim a separação dos ossos calvários devido a forças externas, tais como traumas. Permitindo as suturas pequenos movimentos, podem assim amortecer pressões mecânicas de traumas menores durante a infância. As suturas, permitem o crescimento dos ossos, garantindo uma ligação firme, e ao mesmo tempo, permitindo movimentos ligeiros entre eles, tendo vindo por isso, a ser estudadas por um número considerável de autores (5,9,24,27,30,72,82,103).

Referências:

0 - M. Michael Cohen, Ruth E. MacLean (2000): Craniosynostosis: Diagnosis, Evaluation, and Management, 2nd ed. USA: Oxford University Press.
5 - Baer MJ (1954): Patterns of growth of the skull as revealed by vital staining. Hum Biol 26:80-126.
9 - Bernstein SA (1933): Über den normalen histologischen Aufbau des Schädeldaches. Z ges Anat, Z Anat Entw-Gesch 101:652-678.
24 - Enlow DH (1990): Facial Growth, 3rd ed. Philadelphia: WB Saunders Co.
27 - Friede H (1981): Normal development and growth of the human neurocranium and cranial base. Scand J Plast Reconstr Surg Hand Surg 15:163-169.
30 - Giblin N, Alley A (1944): Studies in skull growth. Coronal suture fixation. Anat Rec 88:143-153.
72 - Massler M, Schour I (1951): The growth pattern of the cranial vault in the albino rat as measured by vital staining with alizarin red 'S'. Anat Rec 110:83-101.
73 - McPherson GK, Kriewall TJ (1980): Fetal head molding: An investigation utilizing a finite element model of the fetal parietal bone. J Biomech 13:17-26.
82 - Moss ML (1954): Growth of the calvaria in the rat. Am J Anat 94:333-362.
103 - Scott JH (1954): The growth of the human face. Proc R Soc Med 47:91-100.

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